Golpe no Brasil: É fato que envergonha aos que tem
vergonha, mesmo não fazendo parte dele.
Por: Maria de Andrade
Venho
tentando já há algum tempo, escrever um artigo sobre a situação política do
Brasil, mantive este desejo em suspenso, porque sentia a necessidade de
racionalizar as questões fundamentais implicadas em tal fato. Ao apagar das luzes do congresso nacional no
dia 17 de abril de 2016, a decisão vencedora não estava apenas culpabilizando a
presidente Dilma Rousseff, por crimes que no final das análises nem existem de
fato. O caso vai muito mais além desta questão burocrática facilmente
resolvível pelos autores do golpe institucional no Brasil, a verdadeira
discussão se encontra na raiz do que é democracia para tais agentes.
O que esta em jogo são os 54.501.118 votos, a validade
destes para aqueles que perderam nas urnas a eleição de 2014. A validade esta
sendo questionada não porque não acham que ela os recebeu, mas porque quem os
deu não seriam cidadãos de fato e de direito. Rasgando a ilusória teoria de que
o Brasil é uma democracia no sentido moderno da palavra, também, pondo por
terra o mito da democracia racial, defendida pelo sociólogo pernambucano
Gilberto freire. Estes não são validos porque sua origem é diretamente ligado aqueles que ganharam um espaço para expressar sua voz
depois de tanto tempo oprimido. Mulheres e homens que pensam, juntam-se a
grande massa de excluídos para repensar as discussões sobre os grupos
culturalmente excluídos no Brasil. E eles não se surpreenderam com o baixo
nível dos congressistas brasileiros, no famigerado dia 17 de abril de 2016. Esses congressistas expressaram
pontualmente o que fazem todos os dias, excluir, criminalizar e humilhar o
diferente. Direitos fundamentais são negados aos grupos, com o único discurso
de que eles não têm direitos por ser o que são. Nordestinos, nortistas, pobres,
pretos, mulheres, homossexuais, estrangeiros pobres ou simplesmente porque não
aceitam o estado opressor das coisas dadas, como é o caso notório do Partido
dos Trabalhadores.
O golpe já foi dado, os golpistas não têm o mínimo decoro
ou a menor discrição, a única objeção, é com a palavra usada para a sua
notificação: Incomodam-se com o termo golpe! Não há instituição que possa
barra-lo, o congresso o endossou, o senado, compôs uma comissão em que, os
principais partidos articuladores do golpe são presidente, Raimundo Lira (PMDB)
e relator, Antonio Anastasia
(PSDB-MG), o Supremo Tribunal de Justiça, também está preocupado
com a palavra golpe. Não com a ação em si, as únicas vezes em que se pronunciaram
foi para que o povo e as mídias internacionais não usassem a palavra, golpe.
Com isto a censura já vem se instalando no país, juizados
de primeira instância têm proibido manifestações em rede sociais, discussões em
universidades, estão propondo leis de mordaça para professores, bloqueando Redes
Sociais e discutido a limitação do uso da internet. Atitudes que enfraquecem a
comunicação, a divulgação do fato e a circulação de ideias plurais que possam
de alguma forma barrarem o golpe em curso no país.
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