sábado, 7 de maio de 2016


Golpe no Brasil: É fato que envergonha aos que tem vergonha, mesmo não fazendo parte dele.

Por: Maria de Andrade

Venho tentando já há algum tempo, escrever um artigo sobre a situação política do Brasil, mantive este desejo em suspenso, porque sentia a necessidade de racionalizar as questões fundamentais implicadas em tal fato.  Ao apagar das luzes do congresso nacional no dia 17 de abril de 2016, a decisão vencedora não estava apenas culpabilizando a presidente Dilma Rousseff, por crimes que no final das análises nem existem de fato. O caso vai muito mais além desta questão burocrática facilmente resolvível pelos autores do golpe institucional no Brasil, a verdadeira discussão se encontra na raiz do que é democracia para tais agentes.
            O que esta em jogo são os 54.501.118 votos, a validade destes para aqueles que perderam nas urnas a eleição de 2014. A validade esta sendo questionada não porque não acham que ela os recebeu, mas porque quem os deu não seriam cidadãos de fato e de direito. Rasgando a ilusória teoria de que o Brasil é uma democracia no sentido moderno da palavra, também, pondo por terra o mito da democracia racial, defendida pelo sociólogo pernambucano Gilberto freire. Estes não são validos porque sua origem é diretamente ligado aqueles que ganharam um espaço para expressar sua voz depois de tanto tempo oprimido. Mulheres e homens que pensam, juntam-se a grande massa de excluídos para repensar as discussões sobre os grupos culturalmente excluídos no Brasil. E eles não se surpreenderam com o baixo nível dos congressistas brasileiros, no famigerado dia 17 de abril de 2016.             Esses congressistas expressaram pontualmente o que fazem todos os dias, excluir, criminalizar e humilhar o diferente. Direitos fundamentais são negados aos grupos, com o único discurso de que eles não têm direitos por ser o que são. Nordestinos, nortistas, pobres, pretos, mulheres, homossexuais, estrangeiros pobres ou simplesmente porque não aceitam o estado opressor das coisas dadas, como é o caso notório do Partido dos Trabalhadores.
            O golpe já foi dado, os golpistas não têm o mínimo decoro ou a menor discrição, a única objeção, é com a palavra usada para a sua notificação: Incomodam-se com o termo golpe! Não há instituição que possa barra-lo, o congresso o endossou, o senado, compôs uma comissão em que, os principais partidos articuladores do golpe são presidente, Raimundo Lira (PMDB) e relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), o Supremo Tribunal de Justiça, também está preocupado com a palavra golpe. Não com a ação em si, as únicas vezes em que se pronunciaram foi para que o povo e as mídias internacionais não usassem a palavra, golpe.

            Com isto a censura já vem se instalando no país, juizados de primeira instância têm proibido manifestações em rede sociais, discussões em universidades, estão propondo leis de mordaça para professores, bloqueando Redes Sociais e discutido a limitação do uso da internet. Atitudes que enfraquecem a comunicação, a divulgação do fato e a circulação de ideias plurais que possam de alguma forma barrarem o golpe em curso no país.